A paixão pelas motos e a facilidade que elas trazem aos usuários cederam espaço ao medo no Rio. Na semana em que o médico Paulo Athayde Lopes foi baleado, no roubo de sua motocicleta BMW, em Ipanema, vêm à tona números que assustam os fanáticos pelo transporte sobre duas rodas. Fica claro que, apesar do crescimento de roubos e furtos de modelos mais caros, o grande interesse dos criminosos ainda está nas motos de cilindradas mais baixas. Elas são desmontadas para a venda de peças ou usadas em outros ataques das quadrilhas.
Disparadas, as motos mais visadas pelos bandidos são as Honda CG de 125 e 150 cilindradas — 764 roubos de janeiro a julho deste ano. Na vice-liderança está a Honda C100 com 212 furtos no mesmo período. As investigações da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) apontam que as principais quadrilhas que agem na cidade são das favelas de Manguinhos e Jacarezinho. “Eles roubam nas zonas Sul e Norte e até na Baixada Fluminense. Em uma operação em Manguinhos, de 40 motos apreendidas, apenas três eram de Bonsucesso”, ressalta o delegado Márcio Mendonça
Apesar do crescente número de motos recuperadas — só este ano, de janeiro a agosto, foram 1.224 —, o índice de roubo de veículos deste tipo não para de crescer na cidade. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que houve aumento de mais de 28% de motos roubadas na comparação com os cinco primeiros meses do ano passado.
Dono da oficina de motos mais tradicional do Rio — na Rua Ceará,Praça da Bandeira —, o italiano Enzo Maltese, 66 anos, foi uma dessas vítimas. “Eram 11h de um dia de semana. Estava parado no sinal na Haddock Lobo (Tijuca) quando dois homens a pé me atacaram. Tem horas que estamos no lugar errado na hora errada. Mas eu não deixei de usar moto até hoje. Não que eu seja herói ou corajoso. Mas se deixar de fazer as minhas coisas já sou refém de bandidos”, reclama, sobre o assalto que sofreu no ano passado.

Assim como Enzo, milhares de motociclistas resistem, aumentando a frota no estado. Este ano, o Detran informa que estão circulando no Rio 624.483 motos — 14% a mais que em 2008. O jeito é evitar locais e horários onde há maior incidência de assaltos.
A revolta com o crescimento de roubos de motos vai gerar um protesto, no próximo dia 13, no Posto 6, na Praia de Copacabana, motivado pelo ataque ao cirurgião Paulo Athayde em Ipanema. Em 26 de fevereiro deste ano, o fotógrafo de O DIA André AZ foi assassinado na Av. Brasil, por bandidos que teriam tentado levar a moto em que estava.
Direto do Orkut: 'Basta de motos roubadas'
Rio - Uma comunidade no Orkut pede o fim do roubo de motos. O apelo vai ao encontro das estatísticas, que mostram que muitas motocicletas são roubadas em todas as cidades do Brasil. Quase duas mil pessoas se juntaram e até criaram um site para divulgar informações - Basta de Motos/Peças Roubadas!
Fonte: O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário